terça-feira, 3 de agosto de 2010

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sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dialeto gaúcho



O dialeto gaúcho é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul, e em parte do Paraná e de Santa Catarina. Fortemente influenciado pelo alemão e italiano, por força da colonização, e espanhol e pelo guarani, especialmente nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai, possui diferenças lexicas e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.

A fonologia é bastante próxima do espanhol platino, sendo algumas de suas características a ausência de vocalização do "l" em "u" no final de sílabas, e a menor importância das vogais nasais, praticamente restrita à vogal "ã" e aos ditongos "ão" e "õe". Gramaticalmente, uma das características mais notáveis é o uso do pronome "tu" em vez de "você" (diferente do usado em São Paulo), mas com o verbo na terceira pessoa ("tu ama", "tu vende", "tu parte").

Palavras

* aipim = mandioca
* ancinho = rastilho, rastelo, ciscador, catador de folhas
* aprochegar = aproximar-se, chegar perto;
* aspa = chifre
* aspaço / aspada= chifrada
* atucanado = atrapalhado, cheio de problemas;
* baita = grande, crescido;
* bergamota = tangerina;
* borracho = bêbado;
* branquinho = beijinho (doce);
* brigadiano = Brigada militar de Porto Alegre
* cacetinho = pão francês;
* cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa
* carpim = meia de homem
* chapa = radiografia ou dentadura
* chavear = trancar com a chave;
* china ou chinoca = prostituta;
* chinaredo = bordel; onde fica o chinaredo.
* colorado = torcedor do Internacional;
* corpinho = sutiã;
* cuecão = ceroula;
* cuia (para mate)= parte da planta 'lagenaria vulgaris' usada para o chimarrão.
* cupincha = camarada, companheiro, amigo;
* cusco = cachorro, cão pequeno;
* entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, briga;
* fatiota = terno;
* folhinha = calendário;
* gaudério = gaúcho;
* guaipeca / guapeca= cachorro viralata.
* guria = menina, moça;
* lomba = ladeira;
* melena = cabelo;
* minuano = vento vindo do sul que trás as massas gélidas do Pólo Sul.
* negrinho = brigadeiro (doce);
* pandorga = papagaio, pipa;
* parelho = liso, homogêneo;
* patente = vaso sanitário;
* pebolim = totó, fla-flu;
* pechada = batida, trombada (entre automóveis)
* pedro e paulo = dupla de policiais militares;
* peleia = briga;
* piá/guri = menino, garoto;
* pila = palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular);
* prenda = mulher do gaúcho;
* quebra-molas = lombada;
* sarjeta = meio-fio;
* sestear = dormir depois do almoço;
* sinaleira = semáforo;
* tchê = pessoa, "cara";
* tercear ferro = lutar com adagas, facões ou facas grandes.
* terneiro = bezerro;
* trava = freio, breque;
* tri = muito (ex: trilegal, tribonita);
* veranear = passar o verão;
* vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo;
* xirú= índio ou caboclo. Na língua tupi quer dizer "meu companheiro"

Expressões

* agüentar o tirão = topar a parada, sustentar uma opinião;
* andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade;
* arrastar a asa = enamorar-se;
* botar os cachorros = falar mal de alguém;
* chorar as pitangas = lamuriar-se;
* dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido;
* deitar nas cordas = fazer corpo mole;
* de orelha em pé = atento, de sobreaviso;
* de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado;
* de varde = de balde, em vão;
* de vereda = imediatamente, já;
* é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz;
* entregar as fichas = ceder, concordar;
* estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável;
* frio de renguear cusco = frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando;
* índio velho = camarada;
* ir aos pés = fazer as necessidades no vaso sanitário;
* juntar os trapos = casar, viver junto;
* lamber a cria = mimar o filho;
* largar de mão = desistir, abandonar;
* matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, estar na miséria, viver com dificuldade;
* meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se;
* morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena)
* na ponta dos cascos = (estar) em posição excelente, pronto para atuar;
* no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros;
* olhar de cobra choca = olhar dissimulado;
* se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar;
* sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater;
* terneiro guacho = tomador de leite;
* tomar uma camaçada de pau = apanhar;
* tomar uma tunda de laço = apanhar;

Interjeições

* Bah! = Nossa! - é primariamente, uma interjeição de espanto, mas pode ter outros usos, como, por exemplo, mostrar hesitação ao iniciar uma frase.
* Capaz? = É mesmo?, Imagina! - indica espanto e dúvida ao mesmo tempo quanto ao que a pessoa acabou de ouvir.
* Que tri! = Que legal!


Algumas comparações

* Na Cidade de São Paulo: Você pegou algumas frutas?

No Rio Grande do Sul: Tu pegou algumas frutas?

* Na Cidade de São Paulo: Que tombo feio!

No Rio Grande do Sul: Mas que pialo feio,Tchê!

* Na Cidade de São Paulo: Que "muleque" rápido!

No Rio Grande do Sul: Mas que "guri" ligeiro esse! tche!

Há diferenças também nas próprias regiões do Rio Grande do Sul, por influência da colonização:

* Na cidade de Porto Alegre: Bah, né! Tu viu que o cara pegou todo nosso dinheiro?

Na cidade de Pelotas: Bah, tchê! Tu visse que o cara pegou todo nosso dinheiro?

Na cidade de Passo Fundo: Bah, Tchê! Tu viu que aquele homem pegou todo nosso dinheiro?

* Outras variações

No Rio Grande do Sul, além deste dialeto, fala-se também o Riograndenser Hunsrückisch, outro dialeto nativo falado entre os colonos alemães, e também o Talian, falado pelos colonos italianos. São considerados dialetos nativos, uma vez que, embora provenientes de idiomas exóctones (alemão e italiano), desenvolveram-se no Rio Grande do Sul.

Referências

1. Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno e Rui Cardoso Nunes, editado por Martins Livreiro